Os desafios das aulas híbridas

A aula híbrida é um importante recurso para o momento e compreender os desafios pode ajudar o professor a melhor preparar essas aulas.

Teaching September 22, 2021

Nos últimos anos as aulas híbridas se tornaram mais comuns e essenciais para continuar a educação em um momento de pandemia, especialmente considerando famílias de alunos que fazem parte do grupo de risco e os limites de lotação das escolas. Mesmo que a aula híbrida esteja longe de ser o modelo ideal de ensino-aprendizagem, é um importante recurso para o momento e compreender os desafios pode ajudar o professor a melhor preparar essas aulas.

Antes, é preciso ter em mente que a aula híbrida nunca será tão boa quanto o modo presencial, porém isso não quer dizer que devamos “empurrar com a barriga” já que está longe de ser perfeita. Assim, quando pensamos em aula híbrida em uma disciplina tão prática e experiencial, algumas coisas como educadores precisamos ter em mente:

  1. Aula Híbrida NUNCA será como a aula presencial. Não podemos comparar a aula híbrida com a aula presencial. Não espere resultados semelhantes de métodos tão diferentes! Se você se apegar a isso, vai se frustar.

2. Não é fácil dividir a atenção entre os alunos que estão em casa e os que estão presencialmente na escola. Não existe fórmula pronta para o sucesso! Temos que levar algumas coisas em consideração:

  • Se os alunos que estão na sala de aula são tranquilos e ouvem com atenção;
  • Se são enérgicos;
  • Se são espertos e rápidos de raciocínio;
  • Se tem mais dificuldade de entender o conteúdo.

Cada turma será abordada de maneira diferente, de acordo com suas características. Turmas mais enérgicas precisam de mais atenção, consequentemente a interação com os de casa será menor (não queremos a sala “pegando fogo”).

3. Compreender o conteúdo nem sempre é tão simples. Mesmo estando presencialmente com as crianças, explicando e reexplicando o conteúdo várias vezes, parece que as vezes elas não entendem nadinha e logo vem a pergunta:

– O que é pra fazer mesmo? – Professor(a), não entendi!

No modo híbrido isso fica mais evidente e muito mais desafiador. A atenção da criança que está em casa é dividida entre a aula e vários sons e situações que acontecem ao seu redor: o pai atendendo telefone; a aula do irmão que está do seu lado; a faxineira; o som da máquina; o irmão mais novo brincando; a televisão; um animal de estimação. Quantas vezes você, professor(a), presenciou essa situação? Eu já fiquei até com dó de certos alunos, quando percebi a bagunça que estava ao redor deles! Certamente situações como essas esgotam os alunos e os professores.

Como educadores, precisamos entender que não fazemos milagres, muito menos quando o problema não está na escola e sim em casa. Perfeição está longe de acontecer neste sistema híbrido, mas podemos trabalhar alguns aspectos e criar estratégias para facilitar e melhorar essa “comunicação”.

4. Quando estamos 100% na escola, temos a liberdade de mudar uma atividade, adaptar o conteúdo, inverter horários, entre outros fatores. A aula híbrida nos engessa. Nem sempre a criança que está em casa tem o material que o professor deseja utilizar: massinha, papel, instrumentos musicais, tinta, folhinha impressa ou qualquer outra coisa. Inovar e improvisar acabam ficando fora de cogitação.

5. Se a internet for “ruim”, seja da escola ou da casa do aluno, não se sinta incapaz pela falha na comunicação.  Se o vídeo está travando, o áudio está baixo, ele não está conseguindo te ver, não sabe mexer na plataforma que a aula está acontecendo, ou qualquer outro fator neste sentido, respira fundo e tenha em mente… A CULPA NÃO é sua! São questões que estão além do nosso controle.

Muitas vezes me vi do lado de cá da câmera tentando ajudar o aluno a mexer no zoom, sem qualquer adulto por perto, e tentando adivinhar a necessidade dele. Enquanto você dá atenção para esse aluno, tem uma sala inteira de crianças olhando pra você também necessitando de atenção.

Na próxima quarta-feira 29 de setembro vamos apresentar o segundo artigo da série com algumas dicas práticas que podem ser colocadas em prática para tornar as aulas híbridas mais dinâmicas e eficientes.

Author

Maressa Manfre

Cantora, apresentadora e educadora musical, integrou por 12 anos um grupo infantil que revolucionou a música gospel. Formada em Educação Artística com Habilitação em Música, Maressa ministra aulas de canto coral e musicalização para crianças de 0 a 12 anos no Centro Universitário Adventista de São Paulo - UNASP, Brasil. Juntamente com a professora Talita Bianchini, iniciou o projeto Fabricando Música, que visa desenvolver conteúdo musical para professores e pais. Ainda no âmbito artístico, trabalha como diretora de arte em filmes publicitários, cinema nacional entre outras produções áudio visuais.

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