Vou ser professor num campo missionário! E agora? (Parte 1)

O desafio do professor missionário que está longe do seu país de origem para cumprir a missão. Veja algumas dicas e reflexões...

Southern Africa-Indian Ocean October 13, 2021

Na época, eu trabalhava como professor universitário numa instituição adventista de nível superior no norte do Brasil. Um dia, estava tranquilamente lendo os meus e-mails quando me deparei com um de conteúdo diferente, que estava na minha caixa de mensagens. Ao abri-lo e lê-lo, estava diante do mais inesperado chamado de minha vida. Deixar o conforto, a experiência muito bem sucedida na docência do ensino superior, para ser missionário na área da educação adventista em outro continente, muito distante do meu País.

Respirei fundo, orei e fiquei a pensar. Resolvi pegar o e-mail e chamar minha esposa. Disse para ela que havia recebido um chamado para o campo missionário.
Ela então, rapidamente perguntou: “você pediu?”
Eu disse: “não, nem sabia que a Igreja tinha uma Universidade naquele país!”
Então ela respondeu com o seu lindo sorriso: “então vamos. Deus está nos chamando”.

Fomos, então, para outro país para administrar e lecionar na Universidade Adventista de Moçambique. Uma experiência que Deus tem nos proporcionado dia a dia, onde desafios e vitórias marcam a docência universitária num campo missionário.

A seguir estão algumas reflexões e dicas para quem quer ser um missionário na área educacional:

  1. Não existe cultura humana superior à outra. O que existe são culturas diferentes.
    Ao ir para o campo missionário, o maior impacto é que a maneira de ver o mundo, de viver a vida, de interpretar os fatos, de resolver problemas, de se comunicar, são muito diferentes. Muito mais do que possamos prever ou mesmo imaginar. Para isso, as leituras, cursos, entrevistas, vídeos, conversas com pessoas do lugar ou que viveram lá, absorvendo o máximo de informações a respeito de onde você está indo, ajuda a reduzir um pouco o impacto, facilitando a adaptação. Mas tenha em mente que somente no local é que realmente irá vivenciar, aprender e se adaptar à cultura local.
  2. O diferente é você, não eles.
    Eles estão na terra deles e é você quem está vindo de fora. Ou seja, inverta o pensamento. Quem vem de fora é que é o diferente, fala diferente e vive diferente. Assim, a necessidade maior de se adaptar e se integrar à cultura local é sua. Lembre-se sempre disso.
  3. A única cultura que é superior a todas é a bíblica.
    A Bíblia apresenta como devemos viver perante Deus e junto com os seres humanos. Os mandamentos de Deus apresentam as normas éticas. A revelação profética orienta como proceder em nossos dias. Mas o que não estiver contrário a isso deve ser adaptado. Isso implica em sabores, alimentos, músicas, ilustrações, humor, cumprimentos, vestimentas, métodos e muitas coisas mais.
  4. Amar sinceramente.
    Todo ser humano quer ser amado, respeitado e valorizado. Por isso, conforme os costumes locais, não hesite em fazer isso o máximo possível. Em nosso campo missionário as pessoas gostam de ser cumprimentadas formalmente e com um sorriso, principalmente por desconhecidos. Tem lugares que não gostam disso. Em algumas regiões não se cumprimentam pessoas do sexo oposto. Assim, verifique as diferentes maneiras de ser gentil e amável, conforme os costumes locais, e assim você conquistará o amor, a atenção e o respeito delas também. A experiência, os resultados, as respostas de Deus, as pessoas influenciadas, tudo isso demonstra que vale a pena aceitar o chamado de Deus para ser educador no campo missionário. Assim sendo: EU IREI.

Author

Heraldo Lopes

Lopes é Doutor em Teologia, pastor adventista, missionário e atualmente é o Reitor da Universidade Adventista de Moçambique.

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